Monthly Archives: Abril 2016

Protetores solares afetam fertilidade masculina

Unidade de Ensino: Património genético

Conteúdo: Estudo dinamarquês associa químicos utilizados nos filtros ultravioleta ao enfraquecimento do esperma

Resumo:

As substâncias químicas utilizadas nos filtros ultravioleta (UV) dos protetores solares interferem na atividade dos espermatozoides e poderão ser uma das causas de infertilidade masculina. É o que conclui um estudo levado a cabo pela Universidade de Copenhaga, na Dinamarca.

O estudo revela que os químicos dos filtros ultravioleta dos protetores solares são absorvidos pela pele e pelo organismo vindo a interferir no funcionamento das células do esperma, podendo causar a infertilidade masculina.

De acordo com o site 20 minutes, os investigadores do Departamento de Crescimento e Reprodução da Universidade de Copenhaga efetuaram, em conjunto com os colegas, testes relativos a 29 dos 31 filtros UV autorizados nos Estados Unidos e na União Europeia.

Os filtros foram encontrados em 95% das amostras sanguíneas e de urina recolhidas nos Estados Unidos, Dinamarca e outros países.

No estudo, apresentado no 98º encontro anual da Sociedade Endócrina realizado em Boston, nos EUA, os investigadores constataram que 13 dos filtros (ou seja 45% dos analisados) induzem afluxos de íões de cálcio nas células de esperma, interferindo nas funções normais das células do esperma.

Nove destes 13 filtros induziam o afluxo de íões de cálcio ativando diretamente o canal CatSper, causando um efeito similar ao da hormona feminina progesterona.

Oito dos 13 filtros que foram associados ao enfraquecimento do esperma são: avobenzone, homosalate, meradimate, octisalate, octinoxate, octocrylene, oxybenzone e padimate.

O efeito destes químicos de uso comum poderá ter contribuído para a descida dos níveis de fertilidade masculina que tem sido registada ao longo dos últimos 50 anos a nível mundial.

 

http://www.tvi24.iol.pt/internacional/filtros-ultravioleta/protetores-solares-afetam-fertilidade-masculina

Zika: risco de microcefalia é de 1 em 100 grávidas infetadas no primeiro trimestre

Unidade de Ensino : Imunidade e controlo de doenças

Conteúdo : Estudo divulgado “suporta fortemente a hipótese de a infeção por Zika no primeiro trimestre de gravidez estar associado com um aumento do risco de microcefalia”

Resumo:

Um estudo publicado na revista The Lancet confirma a associação entre o Zika e a microcefalia, estimando que o risco é de uma em cada 100 mulheres infetadas com aquele vírus no primeiro trimestre de gravidez.

Baseado em dados recolhidos no surto de Zika que afetou a Polinésia Francesa entre 2013 e 2014, o estudo “suporta fortemente a hipótese de a infeção por Zika no primeiro trimestre de gravidez estar associado com um aumento do risco de microcefalia”, disse Simon Cauchemez, co-autor e investigador do estudo.

“Estimamos que o risco de microcefalia seja de 1 em 100 mulheres infetadas com o vírus do Zika durante o primeiro trimestre de gravidez. Esta descoberta refere-se ao surto de 2013-14 na Polinésia Francesa e falta saber se as nossas descobertas se aplicam a outros países da mesma forma”

Apesar de o risco de microcefalia associado ao Zika ser relativamente baixo, quando comparado com outras infeções maternas – o risco do síndroma de rubéola congénita, por exemplo, é de 38 a 100% se as mães forem infetadas no primeiro trimestre – os autores afirmam que a associação importante devido ao alto risco de infeção com o vírus do Zika durante surtos como o que se verifica atualmente na América do Sul.

A microcefalia é uma malformação neurológica que se manifesta no nascimento. Os bebés nascem com cabeças anormalmente pequenas e a doença está ligada a uma redução do volume cerebral, levando muitas vezes a deficiências intelectuais, defeitos da fala e questões comportamentais.

Entre as causas da microcefalia estão fatores genéticos e ambientais, incluindo infeções virais pré-natais, consumo de álcool por parte da mãe e doenças hipertensivas.

O surto de Zika na Polinésia Francesa começou em outubro de 2013, teve o seu ponto mais elevado em dezembro e terminou em abril de 2014. Nesse período, mais de 31 mil pessoas foram atendidas nos serviços de saúde com suspeitas de infeção pelo vírus. Durante o surto, foram identificados oito casos de microcefalia, tendo cinco gravidezes sido interrompidas voluntariamente. Nos restantes casos, os bebés acabaram por nascer.

Quase todos os casos de microcefalia (88%) ocorreram num período de quatro meses perto do final do surto.

Ao estudar os dados daquele surto, usando modelos matemáticos e estatísticos, os cientistas concluíram que o primeiro trimestre de gravidez estava associado a um maior risco.

Estimaram o risco de microcefalia em 95 em cada 10.000 mulheres (ou aproximadamente 1 em cada 100) infetadas com o vírus no primeiro trimestre de gravidez.

“Isto fornece-nos um conjunto de dados pequeno, mas muito mais completo do que o que se obtém num surto ainda em curso”, disse o cientista, sublinhando no entanto que é precisa muito mais investigação para se perceber como o Zika causa a microcefalia.

“As nossas descobertas suportam as recomendações da OMS para que as mulheres grávidas se protejam das picadas de mosquito”, afirmou.

A 8 de março, a OMS aconselhou as grávidas a não viajarem para zonas afetadas pelo vírus Zika, sublinhando que esta advertência surge num contexto de provas cada vez mais conclusivas de que o Zika provoca malformações fetais.

O vírus do Zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, provoca sintomas gripais benignos, mas está também associado a microcefalia, assim como ao síndroma de Guillain-Barré, uma doença neurológica grave.

O Brasil, o país mais afetado pelo surto de Zika, já registou mais de um milhão e meio de casos e há 745 casos de microcefalia relacionados com a doença no país.

As autoridades estão ainda a investigar se a malformação afeta outros 4.231 bebés com sintomas parecidos.

 

http://www.tvi24.iol.pt/internacional/estudo/zika-risco-de-microcefalia-e-de-uma-em-cem-gravidas-infetadas-no-primeiro-trimestre

 

Cientistas descobrem: engravidar faz mesmo faísca

Ficha de leitura nº10                                                                          28/04/2016

Unidade de ensino: Reprodução e manipulação de fertilidade

Conteúdo/ assunto: Fecundação

Resumo: Há um verdadeiro “fogo de artifício” no óvulo quando este é fecundado. Cientistas viram – no ao microscópio e gravaram em vídeo.

(Vejam o vídeo até ao fim!!)

Costuma dizer-se que o casal perfeito até faz faísca ou que, entre os dois, a magia acontece e agora a ciência parece comprová-lo. Pelo menos, no momento da fecundação. Um estudo publicado no jornal online Scientific Reports revela que quando um óvulo é fecundado ocorre uma explosão de partículas equiparável a um autêntico fogo-de-artifício.

A descoberta foi feita por um grupo de cientistas do Northwestern Medicine, departamento de investigação médica ligado à Northwestern University, em Chicago, no estado de Illinois, nos EUA.

Imunoterapia com resultados “promissores” em quatro tipos de cancros

Ficha de leitura nº9                                                                                28-4-2016

Unidade de ensino: Controlo e imunidade de doenças

Conteúdo/ assunto: Imunoterapia

Resumo: O investigador do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa Bruno Silva Santos disse que o melanoma, o cancro do pulmão e do rim e as leucemias estão a ter resultados “muito promissores” aos tratamentos de imunoterapia.

“O objetivo é perceber quais são os cancros que vão ser os bons alvos da imunoterapia, para já o melhor é o melanoma, a seguir temos o cancro do pulmão e do rim, com resultados muito esperançosos, e as leucemias também com resultados muito interessantes”, afirmou o investigador.

Bruno Santos Silva, que recentemente foi distinguido pela Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO) e pelo European Research Council (ERC) pelo seu trabalho de investigação sobre as chamadas células T nas respostas imunitárias a infeções e tumores.

“Achamos que a imunoterapia tem uma grande vantagem que é: as nossas células do sistema imunitário conseguem permanecer no nosso organismo durante muito tempo e, por isso, tem uma perspetiva de ter respostas muito duradouras, ao contrário das outras terapias, que têm de constantemente estar a administrar drogas para conter o desenvolvimento do tumor”, referiu.

Os investigadores estão focados em “reprogramar o nosso sistema imunitário, as nossas defesas, para respostas duradouras contra o cancro como sabemos que temos contra infeções, por exemplo. Quando nos vacinamos contra o sarampo, por exemplo, sabemos que temos uma resposta protetora duradoura e é isso que estamos a tentar, e achamos que vamos conseguir”, disse.

“A grande diferença é que as vacinas para infeções são dadas preventivamente para evitar a infeção e, neste caso, só vamos entrar com a imunoterapia num doente que já tem cancro. É a chamada vacina curativa que é mais difícil do que a prevenção porque prevenir uma coisa que ainda não existe é mais fácil do que curar um cancro que já está estabelecido”, acrescentou.

No seu entender, “a grande dificuldade que se coloca é que a imunoterapia é bastante cara, é um grande desafio para o Serviço Nacional da Saúde. É nisso que temos de trabalhar, temos de garantir a melhor hipótese de tratamento, que, em alguns casos, vai sem dúvida ser a imunoterapia, como já é para o melanoma avançado”.

“O que podemos dizer é que no caso do melanoma, em que há maior historial, doentes tratados há cerca de oito ou dez anos continuam sem recidiva e poderão estar curados, portanto não foi necessário um novo tratamento para esses doentes e o cancro ainda não voltou. Há essa perspetiva de cura”, sublinhou.

Contudo, Bruno Santos Silva considera que é cedo para “gritar” cura, por não existir tempo suficiente de follow-up, mas, “no caso do melanoma, oito a dez anos já é impressionante ainda não ter havido recidiva do tumor, portanto, esperemos que seja a cura”.

A presidente da ASPIC, Leonor David, sublinhou que a imunoterapia é “uma área nova, que se tem desenvolvido imenso e que tem levado ao aparecimento de novos medicamentos que têm a capacidade de alterar, modelar o nosso comportamento perante a neoplasia e, portanto, de nos fazer reagir e, eventualmente, recusar o cancro, ou pelo menos atrasar substancialmente o seu desenvolvimento”.

“Há muita aplicação neste momento, as farmacêuticas estão muito ativas no desenvolvimento de novos medicamentos e, esta sessão, além de trazer o que está no terreno de novo, traz também a investigação básica que está por trás, isto é, os mecanismos que estão subjacentes ao desenvolvimento desta potencial nova arma terapêutica”, acrescentou.

O presidente do Congresso e do IPO/Porto, Laranja Pontes, salientou a importância do encontro porque “aborda essencialmente novas terapêuticas, que estão a ser discutidas e que são alternativas as terapêuticas clássicas”.

“São novas terapêuticas e novas abordagens cujo princípio fundamental é pôr o organismo a atacar o cancro e não usar as drogas. Serão provavelmente muito menos tóxicas e provavelmente muito mais eficazes, porque será pôr o hospedeiro a tentar matar o tumor”, disse.

Cura à vista para asma e alergias alimentares

Ficha de leitura nº9                                                                                                             22-04-2016

Unidade de ensino: Imunidade e controlo de doenças

Conteúdo/ assunto: Cura à vista para asma e alergias alimentares, como aos morangos, podem ser curadas.

Resumo: Cientistas norte-americanos desenvolveram uma nanopartícula que pode ajudar a acabar com a asma e as alergias alimentares.

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A nanopartícula, desenvolvida pela Escola de Medicina da Universidade de Northwestern, nos EUA, impede o sistema imunitário de detetar os pólenes.

É biodegradável e, depois de injetada na corrente sanguínea, ajuda a limpar as vias respiratórias, impedindo também a ocorrência de ataques de asma.

“Os resultados representam uma maneira nova, segura e eficaz a longo prazo de tratar e, potencialmente, curar os pacientes com problemas nas vias respiratórias e alergias alimentares”, revelou Stephen Miller, professor de Microbiologia Imunológica na Universidade de Northwestern, num artigo publicado no site daquela instituição de ensino.

“Isto pode eliminar a necessidade crónica de usar medicamentos para tratar alergia respiratórias”, explicou Miller.

A nanopartícula foi testada em ratos, num modelo de alergia a amendoins similar às alergias alimentares dos seres humanos. O estudo foi apresentado há dois dias, na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.

Segundo a Universidade de Northwestern, a tecnologia da nanopartícula está a ser desenvolvida pela “Cour Pharmaceuticals Development Co.” e está também a ser desenvolvido um tratamento para alergias ao glúten com base nesta nanopartícula.

“É um tratamento universal. Dependendo da alergia que pretende eliminar, pode carregar a nanopartícula com pólen ou uma proteína de amendoim”, explicou Stephen Miller.

http://www.jn.pt/inovacao/interior/cura-a-vista-para-asma-e-alergias-alimentares-5136046.html

(cons.22-04-2016)

Cientistas já conseguem cortar e colar letra a letra do ADN

Ficha de leitura nº8                                                                                                             22-04-2016

Unidade de ensino: Património genético

Conteúdo/ assunto: Técnica CRISPR/Cas9 para a correcção futura de doenças.

Resumo: Avanço na já famosa técnica CRISPR/Cas9 abre portas para a correcção futura de doenças causadas por uma única mutação de um gene. Desde 2012, a nova tecnologia está a mudar por completo o panorama da engenharia genética.

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Uma única alteração numa “letra” da molécula de ADN pode ser suficiente para desarranjar a malha biológica de que somos feitos. É o exemplo de doenças como a fibrose cística, que provoca problemas nos pulmões, e da anemia falciforme. Outras alterações no ADN tornam-nos mais susceptíveis a doenças como a de Alzheimer e o cancro. Agora, um avanço na famosa técnica de edição genética CRISPR/Cas9 conseguiu alterar uma única letra da molécula de ADN em células no laboratório, anuncia um artigo científico publicado na edição desta quinta-feira da revista Nature. O desenvolvimento pode vir a ser usado um dia para o tratamento de doenças de origem genética.

O núcleo das células contém a molécula de ADN usada na produção de proteínas. Para cada proteína existe um conjunto de letras do ADN que funciona como um molde para a sua produção. Há muito tempo que o sonho dos biólogos e dos geneticistas era ter uma técnica que permitisse manipular directamente o ADN de uma forma fácil. Assim, seria simples silenciar um gene para fazer experiências rápidas que testassem a sua função. Além disso, uma técnica destas teria um enorme potencial para a saúde.

Em 2012, um artigo publicado na revista Science tornou o sonho realidade. Um mecanismo de imunidade que existe nalgumas bactérias contra os vírus permitiu aos cientistas desenvolver um meio simples e bastante preciso de “corte e cola” genético.

Vale a pena recordar o fenómeno que se passa nas bactérias, cuja complexidade surpreendeu os próprios cientistas. Os vírus atacam-nas tal como o fazem com as células dos humanos: injectam o seu material genético na bactéria e usam a sua maquinaria para se multiplicar.

Mas algumas bactérias têm uma imunidade adaptativa, que lhes permite aprender a reconhecer o ADN dos vírus e destruí-los. Estas bactérias têm umas proteínas chamadas Cas, que capturam pedacinhos de ADN de um vírus que as infecta, integrando esses pedacinhos numa região da molécula de ADN da própria bactéria – esta região chama-se CRISPR. Depois, outras proteínas Cas das bactérias usam esses pedacinhos para reconhecer o ADN dos vírus que voltam a infectar a bactéria, podendo assim destruí-los.

https://www.publico.pt/ciencia/noticia/cientistas-ja-conseguem-cortar-e-colar-letra-a-letra-do-adn-1729619

(cons.22-04-2016)

Jejum durante três dias pode regenerar sistema imunitário

Ficha de leitura nº7                                                                                                             22-04-2016

Unidade de ensino: Imunidade e controlo de doenças

Conteúdo/ assunto: Jejum pode regenerar sistema imunitário

Resumo: Apenas três dias de jejum serão suficientes para rejuvenescer todo o sistema imunitário. A conclusão é de um novo estudo

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Jejuar durante três dias leva o corpo a começar a produzir novos glóbulos brancos, mesmo em idosos. A conclusão é de um novo estudo da Universidade da Califórnia que descreve os resultados como “notáveis”.

A investigação, que parece contrariar a ideia comum de que o jejum não é saudável, sugere que não comer “liga um interruptor regenerativo”, que estimula as células estaminais a produzir as células que combatem as infeções.

A descoberta, acreditam os cientistas envolvidos, poderá beneficiar particularmente os doentes com sistemas imunitários comprometidos, como os que fazem quimioterapia, ou simplesmente os mais idosos.

Mas segundo Valter Longo, professor de Gerontologia e Ciências Biológicas da Universidade da Califórnia, as boas notícias não ficam por aqui: durante o processo do jejum, o organismo também descarta as partes do sistema imunitário que possam estar danificadas ou sejam ineficazes.

“Se temos um sistema [imunitário] fortemente danificado pela quimioterapia ou pelo envelhecimento, ciclos de jejum podem gerar, literalmente, um novo sistema imunitário”, explica.

Durante a investigação, foi pedido aos participantes que jejuassem regularmente entre dois a quatro dias ao longo de um período de seis meses.

“Quando passamos fome, o sistema tenta poupar energia e uma das coisas que pode fazer para poupar energia é reciclar muitas das células imunitárias que não são necessárias, sobretudo as que possam estar danificadas”, acrescenta o investigador. “O que começámos a reparar, tanto no trabalho com humanos como com animais, é que a contagem de glóbulos brancos desce com o jejum prolongado. Depois, quando recomeça a alimentação, as células voltam”.

http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2016-03-05-Jejum-durante-tres-dias-pode-regenerar-sistema-imunitario

(cons.22-04-2016)

Bactéria Multirresistente que matou em Gaia faz vitimas em Coimbra

Unidade de Ensino: Imunidade e Controlo de Doenças

Resumo:

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra tem 24 doentes colonizados com “Klebsiella pneumoniae com KPC”, uma bactéria muito resistente a antibióticos. Houve doentes que morreram.

É a mesma bactéria que foi contraída por mais de uma centena de doentes e diretamente responsável pela morte de três pessoas, no ano passado, no hospital de Gaia. O diretor-geral da Saúde, Francisco George, explicou então que na origem da bactéria multirresistente detetada no Hospital de Gaia, estava “o uso indevido, inadequado” de antibióticos.

Dos 24 pacientes isolados que o JN dá conta, três já tiveram alta e 21 continuam isolados. Desses, oito estão realmente infetados e “estão a ser tratados e a evoluir favoravelmente”, quatro foram colonizados (sem sintomas) internados em Cuidados Intensivos “por apresentarem outras patologias graves que justificam que estejam internados” e nove acusaram rastreios positivos, ou seja, estão também colonizados, mas não estão infetados.

Fonte oficial do CHUC acrescentou que a idade média dos pacientes que morreram por “causa atribuível à bactéria” era de 78 anos, tendo o paciente mais novo 65 e o mais velho 87, e com comorbilidades associadas.

A mesma fonte admite que houve doentes que morreram, mas não especifica quantos. Reforça, porém, que todos tinham quadros clínicos graves com várias patologias e idade avançada. Entre os portadores da bactéria, há “uma fração” que desenvolveu infeção, referiu o hospital, que também não especificou quantos. Os colonizados poderão nunca vir a desenvolver infeção, salvaguardou o CHUC.

Confirmada a existência da bactéria, o Conselho de Administração do CHUC constituiu uma “task force” [força de intervenção] para acompanhamento da situação e para “implementação de medidas de contenção, rastreio e monitorização da eficácia das mesmas, tendo por base as orientações da Direção-Geral da Saúde”.

Segundo o gabinete coordenador das infeções do CHUC, diariamente é feito “um rastreio a todos os doentes que cumprem os critérios de contactante com um caso KPC” e a evolução da situação global é reportada à direção clínica.

Para conter a propagação da bactéria – que se transmite através de secreções e pelo contacto direto com um doente infetado -, foram aplicadas medidas que passam pelo “isolamento físico – de contacto – imediato de todos os doentes” identificados com a bactéria nos serviços de internamento; pela adoção de equipamentos de proteção individual específicos como vestuário descartável para os profissionais e batas para as visitas dos doentes; reforço da desinfeção de vestuário e superfícies; e, por último, foi feito “um isolamento de coorte” no serviço dos Cuidados Intensivos , com espaço e equipas dedicadas durante 24 horas para prestação de cuidados a estes doentes.

O CHUC realça que tem habitualmente internados nos vários polos clínicos 1900 doentes agudos, pelo que 24 doentes colonizados “não constitui – por ora – uma situação geradora de alarmismo social”, apesar de justificar as medidas implementadas.

O ministro da Saúde já falou sobre o caso, dizendo que as autoridades de saúde do CHUC acionaram medidas “profiláticas e preventivas” para resolver os casos dos doentes internados com a bactéria multirresistente. “É uma situação importante, naturalmente ocorre em ambiente hospitalar, são episódios que têm alguma frequência ao longo do tempo e as autoridades de saúde e o próprio hospital estão a acionar as medidas, digamos, profiláticas e preventivas que tenderão a corrigir a situação”, disse o ministro Adalberto Campos Fernandes, citado pela Lusa.

http://www.jn.pt/nacional/saude/interior/bacteria-que-matou-em-gaia-faz-vitimas-no-hospital-de-coimbra-5012175.html#ixzz466tjrOub

 

 

Manipular embriões humanos? O melhor é ir com calma

Ficha de leitura nº7                                                                                                          17-04-2016 

Unidade de ensino: Património genético

Conteúdo/ assunto: Manipulação de embriões humanos

Resumo: Um equipa de investigadores chineses manipulou embriões humanos para mostrar que a técnica ainda tem de ser afinada e que o tema ainda tem de ser discutido por comissões científicas e de ética.

Uma equipa de investigadores chineses, de um hospital afiliado da Universidade Médica de Guangzhou, manipulou geneticamente embriões humanos para demonstrar que antes de se prosseguirem com estas técnicas ainda é necessária muita discussão sobre o assunto, conforme concluem no artigo publicado na revista científica Journal of Assisted Reproduction and Genetics.

A equipa liderada por Yong Fan introduziu com sucesso o gene CCR5Δ32, usando a técnica CRISPR/Cas (como se fosse um “corta e cose” dos genes), em embriões inviáveis (que não poderiam ser usados na técnicas de reprodução medicamente assistida). O gene CCR5Δ32, que ocorre naturalmente, aparece associado a uma resistência contra a infeção com o vírus da imunodeficiência humana (VIH).

O gene introduzido não conseguiu emparelhar-se como desejado, mas na verdade isso não incomodou os investigadores. “A nossa investigação serve dois propósitos: primeiro, avaliar as tecnologias e estabelecer os princípios para a introdução de modificações precisas em embriões humanos e identificar quaisquer obstáculo técnico importante; segundo, alertar para os potenciais desafios legais e éticos que a sociedade terá de enfrentar graças ao aumento do acesso às tecnologias de engenharia genética.”

Uma das críticas a este trabalho é a utilização de embriões triploides, ou seja, que têm três cópias de cada cromossoma, em vez de duas. “Este artigo, como o de 2015, demonstram a dificuldade na aplicação [da tecnologia CRISPR/Cas9] a embriões humanos, embora de forma imperfeita, tendo em conta o estado triploide dos embriões usados, o que levanta questões sobre o valor científico deste trabalho”, refere num comentário Debra Mathews, adjunta do diretor dos Programas Científicos do Instituto de Bioética Johns Hopkins Berman (Estados Unidos).

A única vantagem deste trabalho, e ainda comparando com a investigação publicada em 2015 na Protein & Cell, é que confirmam os resultados alcançados anteriormente, ou seja, “isto indica a reprodutibilidade da ciência, uma parte importante do processo científico (mostrando que da primeira vez não tinha sido um acaso), que deve aumentar a confiança do público no trabalho”, nota num comentário Peter Donovan, professor de Química Biológica e de Biologia Celular e do Desenvolvimento, na Universidade da Califórnia (Irvine, Estados Unidos).

Já o trabalho proposto por Kathy Niakan, investigadora do Instituto Francis Crick (Reino Unido), pretende usar embriões viáveis – com as duas cópias dos cromossomas -, mas doados para investigação. “Embriões viáveis doados para investigação são a única opção viável para nos referirmos à eficácia e melhorarmos a precisão da edição genética em embriões humanos”, diz num comentário Amander  Clark, professor do Departmento de Biologia Molecular, Celular e do Desenvolvimento, da Universidade da Califórnia (Los Angeles, Estados Unidos).

A utilização de algumas técnicas de edição do genoma dos embriões poderá, no futuro, permitir a introdução de novos genes ou a correção de genes que apresentem mutações. Esta correção promete resolver um determinado problema genético, não só no indivíduo em questão, mas na sua descendência, porque a manipulação genética do embrião é hereditária. E é aqui que reside um dos maiores problemas desta técnica: as alterações serão replicadas na descendência, com as vantagens e desvantagens que isso possa trazer.

Os autores reconhecem que, apesar das questões científicas e éticas levantadas, é necessário continuar a desenvolver técnicas melhores de manipulação genética, seja usando modelos animais, células estaminais ou sistemas in vitro.

Para Amander Clark é claro que esta área de investigação não tem os conhecimentos técnicos suficientes para dar início à manipulação genética com fins reprodutivos. O professor felicita que neste trabalho nenhum embrião tenha sido manipulado com esse objetivo, porque isso “é uma linha ética clara que não deve ser atravessada até que se demonstre que a tecnologia é segura”.

Manipular embriões humanos? O melhor é ir com calma

(cons.17-04-2016)

Chineses tornam embriões humanos imunes ao VIH através de modificação genética

Ficha de leitura nº8                                                                                 15-04-2016

Unidade de ensino: Imunidade e controlo de doenças

Conteúdo/ assunto: Uma equipa de cientistas da Universidade de Medicina de Cantão, sul da China, anunciou que conseguiu criar embriões humanos resistentes ao Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), que causa a sida, através de modificação genética.

Resumo: Os testes, efetuados em 26 embriões “defeituosos e inaptos a tratamentos de fertilidade” segundo o líder da equipa de cientistas, Fan Yong, permitiram criar quatro embriões imunes ao HIV, enquanto os restantes revelaram mutações “não planeadas”, informou, esta quarta-feira, um jornal oficial.

A investigação foi publicada no último número do Journal on Assisted Reproduction and Genetics, e detalha que todos os embriões foram destruídos no espaço de três dias.

É a segunda vez que um grupo de médicos chineses causa controvérsia através de experiências com a modificação genética de embriões.

No ano passado, uma equipa da Universidade Zhongshan, também em Cantão, disse ter conseguido alterar pela primeira vez na história o genoma humano em embriões.

(cons.15-04-2016)

http://www.jn.pt/mundo/interior/chineses-tornam-embrioes-humanos-imunes-ao-vih-atraves-de-modificacao-genetica-5123885.html